Populares se aglomeram para assistir ação da PM após tentativa de assalto
Os primeiros sons, pareciam
fogos. A insistência e a repetição, no entanto, chamaram a atenção de Geraldo
Cruz, que correu até a sacada de seu prédio para tentar desvendar a origem do
barulho. Bem abaixo de sua janela, a cena de filme se desenrolava. Policiais
corriam, cercavam a loja de materiais esportivos ao lado da praça do bairro, de
armas em punho, enquanto outras viaturas começavam a chegar sem parar. De
dentro da loja, os bandidos continuaram a atirar, até que, frente à desvantagem
- de armas e de homens -, resolveram se render. Com socos e chutes, foram
colocados dentro de uma das viaturas da Polícia Militar.
Populares correm. Ao fundo, à esquerda, policias iniciam captura ao bandido
Um, no entanto, conseguiu
fugir pelos fundos da loja, pulando o muro e alcançando o prédio vizinho. E foi
ele quem mobilizou a chegada de mais reforços. Dez carros do Batalhão de
Operações Especiais (Bope) e da Polícia Militar, com cerca de 40 homens, cães
farejadores, e policiais de bicicleta lotaram a região em verdadeira operação
de guerra. O som do giroflex ligado deu certeza à comunidade de que, se o
barulho inicial poderia ser confundido com qualquer outro, agora não havia mais
dúvida de que o bairro tinha sido, mais uma vez, alvo de assalto.
Nascido em Juiz de Fora,
Minas Gerais, cidade com índices invejáveis de segurança, Geraldo mora em
Maceió (AL) há pouco mais de dois anos, mas foi a primeira vez que presenciou
algo do gênero. Preferiu manter a segura distância necessária do fato, enquanto
populares se aglomeravam nas proximidades da loja, na esquina das ruas Durval Guimarães
com Pompeu Sarmento. Os índices preocupantes da capital nordestina fazem com
que redobre a atenção com a segurança. “O pior é que a gente não vê ninguém
fazendo nada”, analisa.
Crédito: Gazeta de Alagoas
Ação e terror
Vestidos com camisa de
grandes agremiações, os bandidos entraram na loja, como clientes, por volta das
10 horas de quarta-feira (dia 25 de novembro). A porta do estabelecimento, que
já foi alvo de outros assaltos, vive trancada, assim como a maioria das lojas
da região. Localizada no bairro de classe média alta que abriga um dos
principais cartões postais de Alagoas, a praia da Ponta Verde, a loja é
frequente alvo de furtos e assaltos e os funcionários fazem uma espécie de
“triagem” dos fregueses.
Crédito: Gazeta de Alagoas
Após render os quatro
funcionários, os criminosos lotaram seis sacolas. A movimentação atípica, no
entanto, foi percebida pelo segurança de um estabelecimento comercial vizinho,
que acionou a polícia. Após resistir à prisão, o terceiro integrante do grupo
ainda fugiu pelas ruas vizinhas, ocasionando o tiroteio nas proximidades. Alunos
de escolas próximas corriam para tentar se proteger.
O criminoso atingiu o
colete à prova de balas de um PM, mas, vestido apenas com a camisa do Flamengo,
não escapou de três disparos. Ferido, identificado pela Polícia como Fabrício Costa de Souza, 25 anos, que já teria prisão
decretada por outra ação do mesmo gênero no mesmo bairro, foi encaminhado para
o Hospital Geral do Estado, onde já chegou morto.
Ranking nacional
O crime vai
entrar para as estatísticas como mais uma tentativa de assalto na capital de
Alagoas, como mais um homicídio. Na prática, porém, os moradores assistem uma
escalada de violência que, se antes estava restrita à periferia da cidade,
agora já atinge também as áreas mais nobres. O assunto promete ser largamente
explorado na campanha eleitoral de 2010. Desde já, os prováveis candidatos
fazem críticas à cúpula de segurança do Governo estadual, antecipando o debate.
Apesar da frequente aparição de Maceió como uma das cidades mais violentas do
país, pouco se tem feito para alterar o quadro.
TAXA HOMICÍDIOS NAS
CAPITAIS (POR CEM MIL HAB.)
MAPA DA VIOLÊNCIA 2008